segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bem-estar em animais de produção: Um conceito aplicável?

Raíssa Ivna

raissaivna@yahoo.com.br


Hoje mais do que nunca o assunto – bem-estar animal (BEA) - é pautado em congressos, encontros e principalmente entre os profissionais da área de ciências agrárias. Essa grande demanda de informações a respeito do BEA parte principalmente de países desenvolvidos, onde exigências mínimas de BEA são feitas na produção de animais. Essas exigências são muito bem regulamentadas e, portanto os produtos e derivados animais exportados por esses países, devem seguir corretamente estes conceitos de BEA. Mas afinal, o que será BEA? Como podemos adotar suas práticas em um rebanho.

A melhor definição de bem-estar animal foi feita pelo FARM ANIMAL WELFARE COUNCIL (FAWC) da Inglaterra, onde aos animais são inerentes cincos liberdades. O animal deve estar livre de fome e sede; Deve ter liberdade ambiental, com um local adaptado ao animal em questão; Deve estar livre de doenças; Livre para exprimir seu comportamento normal e Livre de medo e ansiedade.

Abaixo, são enumeradas as principais medidas de manejo que contribuem para o BEA do rebanho:

1- Eliminar as condutas agressivas, como gritos, uso de cães agressivos, procurando sempre o trabalho silencioso;

2- Fazer a separação dos animais em lotes e categorias;

3- Não movimentar mais animais do que o necessário;

4 - Desmamar em duas etapas: não separar por completo no primeiro momento a matriz do filhote;

5 - Não fazer os animais esperarem mais do que o necessário e nem encerrá-los por nada: a mangueira é somente um local de passagem e não para os animais ficarem encerrados durante horas;

6 - Nunca manejar o animal isoladamente;

7 - Habituar o animal à presença humana;

8 - Selecionar e capacitar os peões: são estas pessoas que trabalham diretamente com o patrimônio dos produtores;

9 - Revisar, manter e melhorar as instalações;

10 - Cuidar e eleger os motoristas para o transporte do animal e carregar o caminhão com o número adequado de animais para o seu espaço;

11 - Monitorar o frigorífico: o produtor deve acompanhar o abate dos seus animais;

12 - Não se descuidar do bem-estar dos animais, pois esta prática não é só mais um requisito para cumprir por obrigação externa e, sim, uma prática integral e permanente do gerenciamento moderno.

Desta forma, as práticas de bem-estar devem ser valorizadas pelos produtores, ainda que para adotar suas práticas, seja necessário desacelerar ou modificar os sistemas produtivos.

Ao adotar conceitos de BEA no rebanho, os valores agregados aos seus produtos derivados, são imensamente maiores do que aquele que não o adota. Estes conceitos além de tudo aumentam a produtividade dos animais e reduzem gastos com doenças. O médico veterinário que valoriza o BEA é um profissional bem valorizado e que contribui para a seriedade e reconhecimento de sua carreira profissional.


Referências

- CARVALHO, C.F. Bem-estar Animal. 2009. Disponível em:

http://www.cibelefcarvalho.vet.br/bem_estar_animal.htm. Acesso em: 10/07/2009

- MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: Aspectos econômicos – Revisão. Archives of veterinary science. 2005. Paraná.V.10, n.1,p.1-11.

- MOLENTO, C.F.M.; BOND, G.B. Produção e bem-estar animal. Ciência Veterinária Trópica. 2008. Recife-PE, v. 11, suplemento 1, p. 36-42.

- OLIVEIRA, C.B.O.; BORTOLLI, E.C.; BARCELLOS, J.O.J. Diferenciação por qualidade de carne bovina: a ótica do bem estar animal – revisão bibliográfica. Ciência rural. 2008. Santa Maria, V.38,n.7,p.2092-2096.

- SILVA, I.J.O.; PANDORFI, H>; PIEDADE, S.M.S. Influência do sistema de alojamento no comportamento e bem-estar de matrizes suínas em gestação. Revista Brasileira zootécnica, julho 2008. Viçosa vol.37 no.7

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Resíduos Antimicrobianos no Leite Caprino

Joyci Torres de Paula
joycidepaula@gmail.com
O leite caprino apresenta alto valor nutritivo, contendo açúcar, proteína, lipídeo, vitamina e níveis adequados de ferro, cálcio e fósforo, com elevada digestibilidade no organismo humano pelo tamanho reduzido e fácil dispersão dos seus glóbulos de gordura e pela sua proteína de coagulação que forma uma coalhada fina, macia e com perfeita digestão em um curto espaço de tempo, sendo constantemente indicado a indivíduos que apresentam sensibilidade à lactose bovina (COSTA, 2009).
O Brasil, atualmente, apresenta uma produção diária de 22.000 L de leite de cabra, totalizando 7.920.000 L/ ano. Porém, seria necessário o dobro da produção para atender a demanda nacional. A região Nordeste é responsável por 45,4% da produção nacional produzindo 10.000 L/dia e tendo como maior produtor o estado do Rio Grande do Norte com média diária de 8.550 L. No Estado do Ceará, a produção de leite diária chega aos 1.000 litros, sendo que a região Norte do Estado apresenta um potencial de produção de 400 litros de leite por dia. A região Sudeste é responsável pelo restante dessa produção apresentando 12.000 litros/dia, 54.6% de todo o leite de cabra que é produzido no País, com uma cadeia produtiva bastante organizada. Boa parte desta produção é adquirida pelo Governo Federal para merenda escolar e crianças carentes de forma que já reduziu em 39% a mortalidade infantil, conforme Costa (2009).
Pinheiro et al. (2000) identificou a alta incidência de problemas sanitários na caprinocultura do Nordeste, os quais possibilitam a instalação de infecções em um grande número de animais do rebanho. Demonstrando, também, a relação dessas infecções com a diminuição da concentração de gordura, de lactose e de caseína no leite, além de gerar um uso indiscriminado de antibióticos pelos próprios produtores, sem os cuidado necessários quanto à dose, via de administração e período de carência promovendo a presença de resíduos no leite com alto risco ao consumidor. Esse uso indiscriminado de antimicrobianos é de grande relevância, tendo em vista que desencadeia diversos problemas como: a) Choque anafilático, causada por hipersensibilidade à droga independente da dose; b) Efeitos teratrogênicos, a partir do uso constante em gestante; c) Resistência microbiana, tanto no animal quanto no homem e d) Queda na qualidade leiteira.
Economicamente o uso indiscriminado de antimicrobiano provoca grandes perdas, pela diminuição na produção leiteira, altera processos fermentativos, bem como, causa queda na qualidade do leite e seus subprodutos (PINHEIRO, 2000).
Segundo Nascimento et al. (2001), os principais antibióticos utilizados nos rebanhos e identificados no leite são as Penicilinas, Tetraciclinas, Estreptomicina e Gentamicina. O consumo do leite de animais tratados com esses medicamentos não deve ser realizado durante pelo menos 96 horas após seu uso, com exceção da Penicilina G, visto que estudos verificaram resquícios dessa droga dez dias após seu uso.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) através do Comitê para Aditivos Alimentares estabelece normas para o uso de aditivos e práticas a serem adotadas na tecnologia alimentar sendo esses conhecido como Limite Máximo de Resíduos e Ingestão Diária Aceitável. Na França, recomenda-se que medicamento de uso humano não seja utilizado em práticas de tecnologia alimentar e tratamento em animais.
No Brasil, a presença de Resíduos Biológicos no Leite é administrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a partir Instrução Normativa 37/2002 e Normativa 42/1999. A Normativa 37 institui a Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite, com objetivo de realizar análises laboratoriais para a fiscalização de amostra de leite cru, recolhido em propriedades rurais e estabelecimentos de lacticínios, enquanto a Normativa 42 trata do Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal e Programa de Controle de Resíduos do Leite – PCRL.
Com isso, pode-se concluir que cuidados sanitários no rebanho são imprescindíveis para diminuir o uso de antimicrobianos em animais produtores de leite evitando a presença de resíduos destas drogas no alimento. É necessário, também, promover orientação racional sobre o uso de medicamentos a produtores de cabras leiteiras evidenciando os riscos do uso indiscriminado de antibióticos, além de esclarecendo sobre a importância de consultar um médico veterinário antes do uso de qualquer fármaco.


Referências:
COSTA, A. L. – LEITE CAPRINO: UM NOVO ENFOQUE DE PESQUISA – EMBRAPA Caprinos; http://www.cnpc.embrapa.br/artigo4.htm%20-%20acessado%20em%2020/06/09.
NASCIMENTO, G.G.F. et al. – OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS NO LEITE COMERCIALIZADO EM PIRACICABA, SP – Revista de Nutrição, Campinas: 119 – 124; maio/agosto – 2001.
PINHEIRO, r.r. et al. – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA CAPRINOCULTURA CEARENSE –Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, vol. 52, n. 5, Belo Horizonte / MG, Out/2000.


quarta-feira, 8 de julho de 2009

Resultado da Seleção PET VET 2009

SAIU O RESULTADO DA SELEÇÃO PET VET 2009!!!!!
Os Petianos selecionados serão integrantes do grupo PET a partir de agosto de 2009