terça-feira, 22 de setembro de 2009

Caprino Ecológico como Alternativa para o Fortalecimento da Agricultura Familiar


Daniela da Silva Pereira


O Nordeste do Brasil abriga cera de 67% do rebanho nacional de caprinos e ovinos, sendo então caprino-ovinocultura uma importante atividade sócio-econômica na região, tendo um rebanho diversificado que vai desde a criação de subsistência do pequeno produtor até as criações industriais com animais selecionados e altamente especializados. Consolidando-se como importante alternativa no cenário da pecuária, principalmente para o pequeno produtor, uma vez que emprega mão-de-obra familiar, utiliza produtos regionais e de baixo custo.
No intuito de fortalecer a economia do sistema familiar com base no uso sustentado dos recursos naturais, na conservação da riqueza cultural das comunidades locais e no aumento da quantidade e da qualidade de produtos agropecuários, buscou-se alternativas para promover a agregação de valores a estes produtos. Uma dessas alternativas foi criação do projeto modelo para produção orgânica de caprinos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA. O projeto original previa a implementação de um modelo de produção orgânica de caprinos no Campo Experimental da Embrapa Semi-árido.
O modelo de cabrito ecológico tem como princípios o uso tecnologias para o aproveitamento sustentável dos recursos naturais da caatinga, reserva estratégica de forrageiras tolerantes à seca e uso de fitoterápicos, de produtos homeopáticos e de métodos e práticas ecológicas no tratamento e prevenção das doenças dos animais, assim como no manejo geral do rebanho.
O manejo alimentar dos animais se dá pelo pastejo em áreas de caatinga sendo complementados, especialmente nos períodos secos. Esse complemento é realizado com forragens naturais conservadas durante o período chuvoso, concentrados e subprodutos industriais isentos ou com baixo nível de químicos e/ou grãos, tais como farelos de algaroba e babaçu, raspas de mandioca, sorgo, milho e outros, cultivados segundo métodos agroecológicos, além do oferecimento do sal mineral.
O manejo reprodutivo preconiza a utilização da estação de monta, que deve ser realizada de forma que se tenha a oferta de animais para o abate segundo a demanda da região. Em sistemas ode se tem uma produção mais tecnificada pode-se realizar três estações anuais, sendo duas programadas e uma natural, procurando coincidir com o período chuvoso, permitindo a oferta de animais em diferentes épocas do ano. Cada estação programada tem a duração média de 60 dias e a natural de 90 dias.
O sistema preconiza vacinações contra clostridioses, controle de ecto e endoparasitoses, com o uso mínimo de vermífugos convencionais combinado a métodos não agressivos ao ambiente como a homeopatia, a fitoterapia e o descanso dos pastos. Outras medidas incluem a desinfecção periódica das instalações, quarentenário, pedilúvios, esterqueira, tratamento de umbigo, exames periódicos de artrite encefalite caprina (CAE) e medidas preventivas de controle da linfadenite caseosa.
A implantação do sistema do cabrito ecológico visa então melhoria da eficiência bio-econômica e da sustentabilidade das suas unidades produtivas, promovendo a elevação dos níveis de produtividade animal, reduzindo os custos de produção e a adequação dos sistemas de produção às condicionantes naturais da região. Visando o atendimento às demandas sociais, via promoção do desenvolvimento, preservando a paisagem rural e valorizando a cultura e o saber-fazer como instrumentos de reafirmação da identidade local. O que vem de certa forma fortalecer a agricultura familiar, devido a pouca utilização de insumos modernos e a potencialização do uso sustentável da caatinga agregando, baixos custos, valor ao produto.

Referências Bibliográficas

F. C. G.; M. J. N.; Nogueira, D. M Uma proposta para produção de um cabrito ecológico da caatinga com certificação de denominação de origem: o cabrito do Vale do São Francisco. Disponível em: http://www.capritec.com.br/pdf/cabritodovaledosaofrancisco.pdf. Acesso em: 12 de setembro de 2008.

J. E. V. H. Cabrito ecológico da caatinga: um projeto em movimento. Agriculturas,v. 2,n. 4, dezembro de 2005.

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